Ele
acordou assustado! Estava estirado, não conseguia se mexer, apenas ouvia ruídos
que pareciam passos de animais de pequeno porte, talvez cães ou gatos. Aos
poucos ia recobrando a consciência e percebia que estava em meio a uma
floresta, mas não conseguia se lembrar o que estava fazendo ali.
À
medida que os passos iam se tornando mais próximos ia tentando imaginar o que
estava fazendo ali e que tipo de animal vinha em sua direção.
Sua
perna formigava, e o vento do final de tarde era especialmente gelado quando
tocava sua perna direita. De súbito um flash
toma suas ideias: Ele corria, parecia fugir de alguém, quando esbarra em um
galho proeminente que perfura sua perna.
Os
passos estão mais próximos, a criatura agora corre em sua direção. O medo proporciona
uma descarga de adrenalina em suas veias. Ele tentar se por de pé, mas é em
vão. Não tem como se mover.
Agora
ele já acredita que o animal que vem em sua direção é um lobo, ou uma onça. Sabe
ainda que o sangue de seu ferimento atrai o predador.
Ele
luta contra seu corpo querendo levantar-se e sair correndo. Mais uma vez uma
imagem inunda sua mente. Ele corre olhando para trás, talvez tentando um
contato visual com o inimigo, quando o chão lhe falta. Sofre uma queda absurda.
Olhando com mais atenção percebe um paredão com uns dez metros de altura. “Devo
ter caído de lá.” Foi a conclusão a qual chegou.
Nesse
momento começa a se tranqüilizar, se Deus o permitiu sobreviver à queda, é por
que tem algo para Ele.
A
tranquilidade dura pouco tempo. Com muito esforço consegue mover a cabeça e
percebe uns cinco ou seis lobos se aproximando. Sentiu um calafrio percorrer
seu corpo. Em instantes sua vida passou diante de seus olhos. A infância no
interior, as aulas na escola onde seus pais estudaram, o primeiro beijo, a
primeira namorada, as missas, os cultos e toda sua longa busca por Deus durante
a vida.
“Bem,
parece que minha busca chegou ao fim... Em breve estaremos juntos, Senhor.”
Um
rosnado quebrou o transe. Um lobo, com olhos vermelhos, o encarava nos olhos. Era
possível sentir o hálito de carniça do animal. Já não mais sentia medo, muito
pelo contrário: sentiu em condições de lutar contra todos os lobos, porém
seguia imóvel.
Quando
todos os lobos, em um ataque que parecia orquestrado deram o bote derradeiro, uma
luz intensa cegou seus olhos. Os lobos grunhiram e caíram mortos. Seu corpo
queimava, entretanto já não estava imóvel. Levantou-se e viu sua perna suja de
sangue, mas do corte restou apenas uma cicatriz.
Ele
sabia o que tinha acontecido ali. Descobriu que sua busca por Deus, sua batalha
que durou sua vida inteira, havia sido em vão, afinal Ele sempre estivera ali,
a seu lado.
Um forte abraço a todos...
Um forte abraço a todos...