Veio a calhar, o Calheiros... Trocadilhos feios à parte, a
eleição de Renan Calheiros serviu para proporcionar o reaparecimento da união
popular em prol da causa maior que é destituí-lo do cargo.
Em relação a isso, gostaria de apresentar meu ponto de
vista, que vai, de certa forma, no sentido oposto a este levante popular, ainda
que eu tenha feito parte do tal abaixo-assinado.
E é justamente por este abaixo-assinado que desejo embasar
com meus comentários. Eu contribuí com minha assinatura, cumpri com minha
parte. Inclusive há certa pressão para que participemos deste movimento que,
segundo seu organizador, acumulou mais de 1.600.000 assinaturas. Mas eu questiono
a moralidade deste tipo de movimento, e vou explicar por quê:
Ele foi legitimamente eleito pelo estado de Alagoas, com
exatos 840.809 votos, ou seja, mais de 840 mil alagoanos votaram nele mesmo
sabendo que ele esteve envolvido no caso conhecido como Renangate, quando foi acusado de receber propinas diversas. Renan
renunciou para não ser cassado, o que o faria perder o direito de concorrer – e
se eleger – nas próximas eleições.
Mas, de todo jeito, ele tem o direito de estar no Senado.
Se ele está de forma legítima no Senado Federal, tem todo o direito de
concorrer à presidência da casa. Pode não ser algo dentro dos princípios da
ética, mas, do ponto de vista legal, está perfeito.
Os 56 senadores – em um universo de 81 – que votaram nele
e o fizeram novamente Presidente do Senado estão lá também de forma legítima, a
partir dos votos obtidos em seus Estados para que representassem a vontade de
seu povo. Quando votamos em vereadores, prefeitos, deputados, senadores ou
presidentes, os estamos autorizando a tomarem decisões em nossos nomes, o que
me faz sentir responsável por esta escolha.
Aí, nós que somos seres inteligentes, que fazemos um
adequado (?) uso de nosso poder eleitoral, votamos com consciência e certeza de
nossas escolhas, vamos de encontro a tudo isso. Se Renan Calheiros foi
legitimamente eleito Senador, seus colegas que votaram nele para presidente
foram escolhidos para tomarem decisões em nossos nomes e não houve nenhum tipo
de fraude na votação, qual o motivo deste levante popular? Se elegemos um
corrupto e um sem-número de pessoas que não votam por conta de seus
posicionamentos, mas sim em nome dos interesses de seus partidos, agora temos
que nos calar e aceitar as consequências.
É duro, mas é a verdade. Participei do abaixo-assinado,
votei por não gostar da ideia deste senhor como Presidente do Senado, mas fui –
como todos os assinantes – hipócrita. Não temos o direito de questionar o povo
alagoano que elegeu o Senador que achava que devia. Não podemos criticar os
eleitores de todos os outros Estados e, possivelmente Distrito Federal, que
escolheram os colegas que reconduziram o Sr. Calheiros ao posto máximo do
Senado.
Como diria Marta Suplicy, em sua infinita sabedoria: “Agora
é relaxar e...”.
Um forte abraço a todos...