No dia 15 último tive a oportunidade
de conhecer um novo mundo, de ver a vida através de uma nova perspectiva.
Me foi possibilitado realizar uma
palestra na Penitenciária juiz Plácido de Castro (PJPS), em Caruaru. Ali, mais
do que dividir com os reeducandos minhas experiências, e apresentar-lhes novas
opções para quando não mais estiverem ali, pude perceber a vida por outro prisma.
Mas gostaria de falar do que ganhei
com esta experiência.
Primeiramente, quero contar o que vi
das pessoas que lá estão. São homens sofridos, que estão longe de suas
famílias, sem a possibilidade de ver o crescimento de seus filhos, ou estar com
suas esposas, ou companheiras, a não ser nos finais de semana.
Imagine como seria você estar privado
do convívio das pessoas que te fortalecem, te servem de motivação para crescer
e ser melhor.
É bem verdade que muitas das pessoas
que estão ali, principalmente os já julgados e condenados, cometeram faltas
graves e, em alguns casos, barbaridades. Mas isso não os faz irrecuperáveis. Quando
julgados foi determinado, por representantes da sociedade, o tamanho da
privação que teriam que passar para quitarem suas dívidas, pagarem por seus
erros.
Pronto, não sou eu a dizer se está
certo ou errado, ou quem é melhor ou pior. Ou ainda dizer quem pode ou não ter
uma nova oportunidade na vida. Todo mundo erra, a diferença é que alguns cometem
erros mais graves, ou que ferem as leis determinadas pela sociedade, para que
haja um mínimo de civilidade em nossas relações.
Cumpridas as penas, devem ter sim uma
nova oportunidade, ou pelo menos poderem seguir suas vidas de onde pararam. E foi
só isso que fui dizer a eles. A vida segue, não termina no dia em que alguém
comete um ilícito, ou no momento em que recebe uma condenação por conta disto.
Tive a oportunidade de conhecer um
fabrico de calças jeans que existe no interior da PJPS. Vi, ali, um grande
caminho para o restabelecimento daqueles homens, uma alternativa para o
encaminhamento na direção de uma nova vida. Houve, ainda, naquele dia, um chá
de poesia, onde os reeducandos tiveram a oportunidade de mostrar sua arte, seus
pensamentos, sua sensibilidade.
De todo jeito foi incrível poder
conhecer um pouco da história deles, alguns contaram como foram parar lá. Muitos
deles são homens com histórias duras, de abandono, exclusão social. Não que
isso justifique algo, mas torna mais fácil entender alguns comportamentos.
Saí de lá transformado, fui tocado
pelo que vi e ouvi durante o dia. Poder perceber um brilho no olhar daqueles
homens que, até então, estavam sem esperança é uma sensação indescritível. Ouvir poesias que transmitem
suavidade em um ambiente tão tenso e soturno foi algo inesperado.
Me resta agradecer a Deus pela
oportunidade, agradecer também à diretora, a Dra Cirlene Rocha, uma mulher que
conduz um sem-número de homens com firmeza e delicadeza ao mesmo tempo,
mantendo tudo em ordem em uma relação que prima simplesmente pelo respeito
mútuo.
Um forte abraço a todos...