domingo, 19 de agosto de 2012

Um Mundo à Parte


No dia 15 último tive a oportunidade de conhecer um novo mundo, de ver a vida através de uma nova perspectiva.
Me foi possibilitado realizar uma palestra na Penitenciária juiz Plácido de Castro (PJPS), em Caruaru. Ali, mais do que dividir com os reeducandos minhas experiências, e apresentar-lhes novas opções para quando não mais estiverem ali, pude perceber a vida por outro prisma.
Mas gostaria de falar do que ganhei com esta experiência.
Primeiramente, quero contar o que vi das pessoas que lá estão. São homens sofridos, que estão longe de suas famílias, sem a possibilidade de ver o crescimento de seus filhos, ou estar com suas esposas, ou companheiras, a não ser nos finais de semana.
Imagine como seria você estar privado do convívio das pessoas que te fortalecem, te servem de motivação para crescer e ser melhor.
É bem verdade que muitas das pessoas que estão ali, principalmente os já julgados e condenados, cometeram faltas graves e, em alguns casos, barbaridades. Mas isso não os faz irrecuperáveis. Quando julgados foi determinado, por representantes da sociedade, o tamanho da privação que teriam que passar para quitarem suas dívidas, pagarem por seus erros.
Pronto, não sou eu a dizer se está certo ou errado, ou quem é melhor ou pior. Ou ainda dizer quem pode ou não ter uma nova oportunidade na vida. Todo mundo erra, a diferença é que alguns cometem erros mais graves, ou que ferem as leis determinadas pela sociedade, para que haja um mínimo de civilidade em nossas relações.
Cumpridas as penas, devem ter sim uma nova oportunidade, ou pelo menos poderem seguir suas vidas de onde pararam. E foi só isso que fui dizer a eles. A vida segue, não termina no dia em que alguém comete um ilícito, ou no momento em que recebe uma condenação por conta disto.
Tive a oportunidade de conhecer um fabrico de calças jeans que existe no interior da PJPS. Vi, ali, um grande caminho para o restabelecimento daqueles homens, uma alternativa para o encaminhamento na direção de uma nova vida. Houve, ainda, naquele dia, um chá de poesia, onde os reeducandos tiveram a oportunidade de mostrar sua arte, seus pensamentos, sua sensibilidade.
De todo jeito foi incrível poder conhecer um pouco da história deles, alguns contaram como foram parar lá. Muitos deles são homens com histórias duras, de abandono, exclusão social. Não que isso justifique algo, mas torna mais fácil entender alguns comportamentos.
Saí de lá transformado, fui tocado pelo que vi e ouvi durante o dia. Poder perceber um brilho no olhar daqueles homens que, até então, estavam sem esperança é uma sensação indescritível. Ouvir poesias que transmitem suavidade em um ambiente tão tenso e soturno foi algo inesperado.
Me resta agradecer a Deus pela oportunidade, agradecer também à diretora, a Dra Cirlene Rocha, uma mulher que conduz um sem-número de homens com firmeza e delicadeza ao mesmo tempo, mantendo tudo em ordem em uma relação que prima simplesmente pelo respeito mútuo.
Um forte abraço a todos...