segunda-feira, 28 de maio de 2012

Saudade...


Entre todas as palavras do nosso vocabulário existe uma que não possui tradução em outros idiomas, é a saudade.
Eu poderia utilizar aqui uma frase feita e bem bonitinha até, que diz que as pessoas que passam por nossas vidas sempre levam um pouco da gente consigo e deixam conosco um pouco de si, mas a minha intenção não é escrever uma série de frases feitas para ilustrar o que penso afinal o que vivo é inédito e por isso as impressões que ficam dessa existência tem de ser expressas com ideias particulares.
Quem me conhece há algum tempo ou tem convivido comigo de forma mais próxima nos últimos tempos sabe que a saudade tem sido presente em cada momento de minha vida. Sinto falta da minha irmã, meus amigos próximos como Nataniel, Cris, Suzana, Cabeludo e alguns outros, não quero citar todos para não cometer injustiça com ninguém.
Mas essas pessoas em especial, são uma parte do que sou, elas me inspiram em pontos diferentes e ajudaram e me moldar como sou hoje. Sei que vivemos uma constante mudança de hábitos e comportamentos, quem somos hoje não reflete necessariamente quem seremos amanhã, porém nossa essência não se altera, há determinadas características que não se alteram independentemente do ambiente que nos envolve.
Gostaria aqui de falar um pouco dessas pessoas e, sem a pretensão de descrevê-las, até porque não tenho uma visão isenta a seu respeito, o que me torna uma pessoa inadequada para fazê-lo.
Para não cometer injustiças ou, pelo menos, deixar transparecer que não estou sendo injusto, vou falar de meus irmãos, uma de sangue e o outro por escolha, consideração, admiração e respeito.
Bom, minha irmã... Que mulher maravilhosa, meu cunhado é um cara de muita sorte. Ela é muito determinada, personalidade forte, inteligente, esperta, linda, como diriam aqui “galega dos olhos azuis”, tem uma característica que aprecio muito, me adora (hehehe). Pedagoga ela, a primeira na parte mais próxima da família a concluir um curso superior, orgulho para mim, meu pai e minha mãe, onde ela estiver. Ela casa em fevereiro, espero poder estar lá. Ela não tem uma história triste como meu pai, de dificuldades extremas ou barreiras aparentemente intransponíveis, um pouco pelo esforço dos meus pais para que tivéssemos uma vida menos dura do que eles tiveram e outra parte porque Deus já sabia que ela não precisava de grandes provações para ser uma pessoa de fibra com fortes princípios morais e determinação para vencer suas provações.
O Nataniel, ou simplesmente o Nata. Esse cara passou a ser meu irmão porque nasceu de outra mãe, mas está aí o segundo homem que amei na minha vida. Nos conhecemos no ensino médio, mas nos aproximamos por conta do futebol, talvez minha maior conquista no futebol. Eu jogava em time chamado Cosmos em Gravataí e tive a ideia de convidá-lo a jogar conosco, ideia até um pouco estranha porque ele estava um tanto abaixo do nível médio da equipe e só escrevo isso aqui porque já falei com ele sobre isso. Mas tem coisas que o tempo nos mostra o fato pelo qual elas ocorrem. Futebol ou estudos a parte, hoje considero o Nataniel o cara mais importante que agreguei em minha vida nesses quase 30 anos que estou por aí incomodando o pessoal.
Advinha, vou eu falar das coisas da vida dos outros, não me leva a mal cara, mas acho que preciso falar sobre isso para mostrar as pessoas como tu te tornou no esteio de uma família maravilhosa.
Quando tínhamos uns 19 anos de idade seu irmão do meio de 16 anos, o Robson, foi assassinado num assalto a ônibus. Um golpe duríssimo em qualquer família, você se esforça para que seus filhos sejam pessoas corretas, trabalhadoras e que levem suas vidas de forma adequada. Depois de realizar um trabalho perfeito, os pais do Nataniel viram seu filho ser arrancado de seu seio. Três ou quatro anos depois, mais um golpe na família, seu Glemy faleceu em uma manhã de domingo.
Com isso, o Nataniel naturalmente assumiu uma posição de liderança em sua família. Tinha que ajudar sua mãe, a Suzana, a administrar a casa e criar Conrado, seu irmão mais novo que então tinha 13 anos.
Na verdade, uma tragédia quando ele tinha 19 anos, somada com a perda precoce de seu pai aos 23, serviram para transformar um jovem de um potencial muito grande e um amor pela família muito grande em um homem de caráter singular, uma pessoa única, com características que o tornam uma pessoa fascinante. Garanto que não sou o único a pensar assim, sem muito trabalho reuniria 50 pessoas que pensam exatamente da mesma forma que eu. Quando eu crescer, quero ser como ele...
Para finalizar, gostaria de deixar claro que amo demais esses dois, são pessoas das quais sinto muita falta, a minha vontade era trazê-los para junto de mim, mas sei que não dá, cada um tem sua vida e suas aspirações. Eu escolhi vir para cá para conseguir uma situação financeira melhor e quando fiz isso sabia que estava abrindo mão de sua companhia. Espero vê-los em breve, aqui ou no RS, com Sol e praia, seja em Boa Viagem ou no Pinhal.
Há ainda uma pessoa da qual sinto muitas saudades, minha mãe. Mas para ela escreverei algo especial, ela é a mulher mais fantástica que pisou nesse planeta. Não estou hoje em condições emocionais de escrever sobre ela, a saudade que me pega, aqui, por vezes, me tornou muito sensível. Preciso consolidar um pouco mais meu lado emocional para descrever o que sinto e o que penso a respeito dela.
Hoje tenho aqui um porto seguro que me proporciona conforto e me faz sentir em casa. Mas, às vezes, nem todo o amor e carinho que minha Picorrucha me dedica é capaz de confortar esse coração judiado.
Saudade não mata, mas castiga o coração. Só me submeto a essa dor para vencer aqui e dar orgulho a todos vocês. Mesmo à distância, vocês são o motivo pelo qual me acordo pela manhã e faço o possível e o impossível para ser uma pessoa melhor na hora que vou deitar à noite.